quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Metamorfose

   É horrível se sentir presa. Horrível.
   Passei um ano inteiro da minha vida mentindo para mim mesma que isso não acontecia. Me enterrei em livros, esqueci de mim mesma e vivi diferentes estórias para não lembrar de minha clausura. Menti para mim mesma.
   Estou agora no segundo ano da faculdade, curso Artes Visuais. E o mais terrível é todos os dias - pelo menos de quarta a sexta-feira - refletir que preciso mudar mais ainda. Evoluí, é claro. E muito. Mas preciso melhorar mais. Me amar mais e ser mais forte para aguentar com responsabilidade tudo o que quero fazer,  tudo o que tenho direito a fazer. Não sou um ser humano livre? Pois que bem! Se eu não escolher respirar, ninguém respirará por mim!
   Sair da heteronomia é difícil. Eu tenho medo das consequências. Mas tenho mais medo ainda das consequências futuras do viver sempre neste torpor.
   Não quero, assim como o sapo cozido, morrer lentamente. Quero lutar pelos meus ideais. Quero viver e ser livre!
   Só sei que me sinto sufocada. Sem ar, enquanto escrevo. Só queria que eles me entendessem...

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Nuca da Gazela

 Cachimbo. Um bom e velho cachimbo para relaxar numa prosa com velhos compadres. Um cachimbo para rir, para pensar nostalgia, para respirar fumaça, para devanear...
 Uma rapariga. Bela criança. Filha de uns vizinhos das redondezas - quitandeiros. Católicos fervorosos, boa gente. A menina também, uma doçura, um carisma sem igual...exceto que não chama atenção. Pobre coitada. Imagino como laçará marido...sem dote nem culote...sem beleza.
 Baforada.
 "Boa tarde, seu Clô"
 "Boa tarde, menina"
 Pegou os cabelos e jogou-os para trás, para deixar o pescoço a mostra.
 Era isso! As madeixas esconderam tamanha beleza!; secretamente velada sob os fios espessos para apenas minha luxuriosa pessoa apreciá-la. Nuca graciosa!
 Até me engasgo.
 Como não pude eu notar tamanha beleza em tão esplendoroso ser? Longo como o pescoço de um cisne, delicado como o mais belo salto de ballet e forte como o revoar de pássaros selvagens. Como não pude antes perceber?!
 O movimento singelo de seus ombros fez novamente seus cabelos debruçarem-se sobre seu jovial colo. Perco a visão com ditosos deslumbres criativos pessoais.
 "Está bem, meu velho amigo?"
 Tusso com novo engasgo, ainda entre devaneios.
 "Claro, apenas um cisne na minha palha".


A nuca da gazela

Desenhei seguindo esses pensamentos soltos que tive hoje (sim, por favor, créditos a mim).
Depois eu coloco marca d'água para não roubarem.../hm

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Comment te dire?

As palavras saem vazias aos dedos, o sentimento em grilhões na menina dos olhos;
Meu semblante transpassa emoção, embora o corpo rijo demonstre razão.
A incandescência não afeta as muralhas gélidas.
As sílabas escorrem desconexas.

Toque-me,
Descubra meu verdadeiro paradeiro
em meio às entranhas malignas moribundas de minha alma.

Liberte-me,
pois só você, oh amado meu,
seria capaz de ver que ainda possuo o brilho.
De que ainda posso sorrir.





segunda-feira, 2 de julho de 2012

Não chores

Venha triste guerreiro, não chores mais,
Chegastes em casa!
Dispa-se de tua couraçada de sangue;
Sesse o amargor, pois retornastes!
O combate, enfim, extinguiu-se.
Guerreiro do cenho vincado,
Tuas marcas de bravura eu acaricio.
Acalma-te alma errante!, pois tua donzela
Aqui estás para prantear contigo o final
E o início.
Amor meu,
Não sofras mais!
Repouse em meu colo,
O alvorecer não tarda!
Desfrute de meus abraços ternos e beijos cálidos,
Meu amigo! Os loureiros já prestaram suas homenagens também.
Apreciemos as estrelas por em quanto,
Enquanto o Amor não vem.




sábado, 23 de junho de 2012

Carpe Diem

Por que será que todo mundo compara a felicidade com o verão? Só porque é quente e faz bem? Se você perceber, o verão em excesso também faz mal, assim como o frio em excesso faz mal. Tudo em excesso faz mal, aliás.
Mas de qualquer modo, estou muito feliz. Feliz por finalmente poder ser feliz. Feliz por ter dado a mim mesma a possibilidade de viver, da chuva fresca cair em minha relva antiga e morta.
Não irei compará-lo com um príncipe encantado. Ninguém é perfeito.[ Deus não é perfeito, somos marionetes dele, devo lembrar. Somos tanto ele quanto ele é nós.] Mas de qualquer maneira, ele é realmente aquele 0,0001% de probabilidade de acontecer, aquela chance inimaginável e utópica. Aliás, inimaginável na minha vida.
Realmente, já chorei por ele. Mas não foi por ele em sí. Foi por nosso destino.
Mas, bah.
Oras!
Que custa rebobinar a fita e voltar um pouco? Deixemos a tristeza e amargura de lado por alguns anos (assim espero!) e  celebramos o Carpe Diem!

Carpe Diem, meu caro, Carpe Diem!


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Chuva

Chuva. Para alegrar meu coração triste, meu orgulho ferido.
Chuva. Para me fazer cálida companhia.
Chuva. Para me fazer sorrir.
Ouvir.
Sentir.
Chuva.
Para a minha alegria, chuva.
O barulho da chuva. Para me molhar e me lavar. Me rasgar.
Me descosturar inteira.

Água com sal.
Chuva marinha.

Calmaria.
E ainda, chuva.

Saciei minha dor.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

desabafo...


Eu queria me sentir nervosa, com borboletas no estômago, apenas com você. Mas não dá.
Sabe...não é que eu cansei.
Na verdade eu cansei, sim. Cansei de viver de migalhas e desgraças, regadas a dor e pranto. Saciar a sua dignidade inconsciente, seu ego.
Tentei não pensar nisso, ignorar o fato de outras pessoas se interessarem por mim, mas não dá mais.
Quero viver para mim agora. Colocar o 'eu' em primeiro lugar.

Eu sei que existe uma razão para eu gostar tanto de você além da minha inteligência atual (provavelmente eu já descobri, mas prefiro afirmar que não), pois nada mais explica esses acontecimentos recentes em minha vida e esse contínuo transformar de sentimento.

Eu quero mudar. Eu quero tentar uma coisa nova.
E não me culpe. Não esfregue o fato na minha cara. Não ouse.
Eu sei que é tudo coisa da minha cabeça, idealizações e afins, mas jamais eu coloquei isso em prática. Eu só senti. Eu tentei de todo modo frear e mudar esse sentimento, mas é impossível. Ele é mutável, e ao mesmo tempo, imutável. Por mais que eu tente arrancar essa erva daninha, ela já se apossou de mim.  Portanto, não me culpe por sentir algo que eu mesma não queria sentir.

Maldito seja o dia em que comecei a ter emoções. E bendito seja, ainda, ele.

Mesmo que seja para você vir como uma monstruosa onda e abalar as minhas estruturas, eu ainda construirei meu castelo, confiante com o êxito de minha edificação.
Eu quero ter certeza de que não deixarei nada importante para trás, sem remorso de ter perdido algo que possa ser significativo agora e futuramente.

Então...
me esquece mais um pouco. Volta quando eu estiver carente de você.
Porque por mais que eu não queira, eu sempre precisarei de você. Por mais incrível que pareça.
Eu acho.